
Em resposta a matéria do Valor Econômico, publicada em 25 de fevereiro, e diante do atual panorama de excedente de energia renovável no Brasil, a Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (ABSAE) alerta que a solução para evitar desperdícios e garantir a continuidade da transição energética está no investimento em armazenamento de energia. O crescimento expressivo da geração eólica e solar, aliado à falta de mecanismos adequados de gestão da oferta, tem levado a frequentes cortes de geração (curtailment), comprometendo o aproveitamento de energia limpa e de baixo custo.
"Estamos desperdiçando uma quantidade significativa de energia renovável que poderia ser armazenada e utilizada em momentos de maior demanda. O armazenamento é a chave para garantir estabilidade ao sistema e evitar prejuízos ao setor", afirma o presidente da ABSAE.
A ABSAE reforça que o desenvolvimento de infraestrutura de armazenamento permitiria otimizar a geração renovável, reduzindo desperdícios e garantindo maior segurança ao sistema elétrico. Com baterias e outras soluções de armazenamento, a energia gerada nos momentos de baixa demanda poderia ser utilizada posteriormente, mitigando a volatilidade do setor e evitando a dependência de usinas térmicas, que possuem custos significativamente superiores e impactam mais o meio ambiente.
Comparativo de custos: Renováveis x Termelétricas
A geração eólica e solar apresentam custo nivelado de energia (LCOE) consideravelmente inferior ao das usinas termelétricas. Estudos indicam que o custo de geração de energia eólica e solar gira em torno de R$ 120/MWh a R$ 150/MWh, enquanto a energia gerada por usinas termelétricas pode ultrapassar R$ 600/MWh, dependendo do tipo de combustível utilizado. Além disso, as termelétricas impõem elevados custos de emissões de carbono e encargos setoriais, refletindo diretamente no preço final pago pelo consumidor.
Leilão de Reserva de Capacidade: O primeiro passo para impulsionar a indústria de armazenamento
A ABSAE enxerga o Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) como um marco essencial para a ignição do mercado de armazenamento de energia no Brasil.
“O LRCAP permitiria viabilizar a implantação de sistemas de baterias em larga escala, criando um ambiente regulatório e econômico favorável para investimentos na tecnologia”, afirma Vlasits.
O presidente da ABSAE enfatiza ainda que sem a devida estrutura de armazenamento, o Brasil continuará a enfrentar desafios na integração de energia renovável ao sistema elétrico, resultando em desperdício de energia limpa e necessidade de acionamento de usinas térmicas, onerando o setor e impactando a tarifa para os consumidores.
Portanto, é urgente que o país direcione investimentos para soluções que assegurem o pleno aproveitamento de sua matriz renovável, promovendo segurança energética e sustentabilidade econômica a longo prazo.
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