
A Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (ABSAE) ganhou destaque na revista Especial Perspectiva 2025, com uma entrevista do Sergio Jacobsen, conselheiro da entidade. Na publicação, Jacobsen abordou as expectativas para o primeiro leilão de reserva de capacidade específico para sistemas de armazenamento de energia por baterias (BESS), programado para junho de 2025. O certame, que visa viabilizar 2 Gigawatt (GW) de potência instalada e 8 Gigawatt-hora (GWh) de capacidade de armazenamento entre 2027 e 2029, é considerado um marco para o setor elétrico brasileiro e um forte impulsionador da tecnologia no país.
Durante a entrevista, Jacobsen destacou a importância do conceito de "margem de escoamento" como critério para definir as localizações onde as baterias serão instaladas. Ele explicou que, ao contrário das fontes de geração constante, como térmicas e hidrelétricas, as renováveis têm margens variáveis.
"As baterias podem operar de forma estratégica, carregando-se quando há excesso de geração e descarregando quando a rede precisa, o que reduz os curtailments e otimiza o uso da energia", afirmou.
Essa característica torna as baterias uma solução essencial para momentos de congestionamento na rede, aproveitando o excesso de energia que seria desperdiçado.
O conselheiro da ABSAE também citou o exemplo da Califórnia, que hoje possui a maior potência instalada de baterias do mundo, com 11 GW conectados diretamente à rede. Jacobsen ressaltou que, após a implementação massiva desses sistemas, houve uma redução significativa no uso de usinas termoelétricas.
"As baterias ajudam a suavizar a rampa de saída da geração solar, por exemplo, quando a produção cai ao final do dia. Isso permite uma transição mais eficiente e menos dependente de fontes poluentes", explicou.
Para ele, o Brasil pode seguir o mesmo caminho, ampliando a participação das renováveis e reduzindo custos operacionais.
A regulamentação do setor, que está sendo desenvolvida por meio das consultas públicas Aneel 39/2023 e MME 176/2024, foi outro ponto abordado por Jacobsen. Ele enfatizou que a segurança jurídica é fundamental para atrair investidores e garantir a competitividade do leilão.
"O sucesso do certame depende de diretrizes claras e de um planejamento que priorize a contratação de sistemas capazes de atender demandas curtas do Operador Nacional do Sistema (ONS), com operação de três a quatro horas diárias", disse.
Essa abordagem permitirá otimizar o uso das baterias e reduzir custos, beneficiando todo o sistema elétrico.
Para a ABSAE, o leilão de 2025 representa uma oportunidade histórica para o Brasil avançar na adoção de tecnologias de armazenamento, consolidando-se como um mercado inovador e sustentável. A entidade acredita que, com a expertise de profissionais como Sergio Jacobsen e o engajamento do setor, o país está no caminho certo para se tornar referência na integração de baterias em larga escala. O futuro do armazenamento de energia no Brasil, impulsionado por iniciativas como essa, promete trazer mais eficiência, segurança energética e redução de emissões, alinhando-se às tendências globais.
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