top of page

Armazenamento de Energia: o Brasil não pode perder o bonde da história

  • Foto do escritor: ABSAE
    ABSAE
  • 6 de out.
  • 3 min de leitura

Artigo de Daniel Pansarella, Public Affairs & Business Developer Latam na Trina Solar



O Brasil está diante de uma oportunidade rara: tornar-se protagonista global no mercado de armazenamento de energia.


Estimativas apontam para um potencial de R$ 77 bilhões até 2034, com geração de milhares de empregos, substituição de 1 bilhão de litros de diesel e redução significativa de emissões de CO₂.


Ainda assim, o setor segue travado por barreiras legais, tributárias e regulatórias que tornam inviáveis investimentos em larga escala.


A urgência de um marco legal é evidente. 


As principais associações do setor — ABSOLAR, ABSAE, ABEEÓLICA e ABGD — são categóricas: o país precisa de um marco regulatório robusto que dê segurança jurídica e previsibilidade. Hoje, o Brasil vive um paradoxo. Temos abundância de fontes renováveis (solar e eólica), tecnologia disponível e investidores prontos, mas enfrentamos entraves que vão de uma carga tributária acima de 80% sobre baterias até a ausência de regras claras sobre remuneração de serviços prestados ao sistema elétrico. E é nesse ponto que entra a medida mais recente do governo.


A MP 1304/2025, editada com o objetivo de reduzir impactos tarifários aos consumidores, é vista como um passo na direção correta, mas insuficiente. Embora abra espaço para projetos-piloto e criação de agregadores de recursos, há um consenso de que temas estruturantes deveriam tramitar no Congresso por meio de projeto de lei. Na prática, o setor defende a aprovação do PL 1224/2022, que cria o Marco Legal do Armazenamento, reconhece juridicamente a figura do 'agente armazenador' e traz a estabilidade necessária para destravar investimentos. Mas o problema vai além de um texto de lei.


O nó tributário, regulatório e de mercado permanece como grande barreira. O levantamento das associações e consultorias do setor (Aurora Energy Research, Volt Robotics) identifica quatro grandes obstáculos: carga superior a 80% sobre baterias e falta de isonomia com renováveis; indefinições sobre encargos de rede (TUSD/TUST) e remuneração de serviços; ausência da figura jurídica do agente armazenador e insegurança para investidores; além de preços desajustados, falta de valorização da flexibilidade e curtailment sem compensação. Sem resolver essas questões, o Brasil corre o risco de ver o mercado minguar antes mesmo de decolar. E isso seria um desperdício diante do tamanho da oportunidade.


O potencial econômico, no entanto, é real. Se as travas forem removidas, o setor pode instalar 72 GWh de capacidade até 2034, gerar 15 empregos por megawatt instalado e atrair fabricantes de baterias para o país. É um ciclo virtuoso capaz de impulsionar inovação, competitividade e sustentabilidade. Para isso, no entanto, é preciso liderança política


Nesse campo, a liderança política e a mobilização têm papel decisivo.


Brasília, evento conjunto das associações tratando da urgência do marco legal do armazenamento.
Brasília, evento conjunto das associações tratando da urgência do marco legal do armazenamento.

Na arena política, o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) tem se destacado como defensor da pauta, articulando emendas e reuniões com entidades do setor. Sua liderança é crucial para acelerar a tramitação das propostas no Congresso. A mobilização não se limita aos bastidores. Em 1º de outubro de 2025, entidades do setor organizaram um evento no Senado Federal que reuniu parlamentares e reforçou a maturidade das associações em apresentar propostas técnicas consistentes. Esse movimento mostra que a pauta está na mesa do Congresso. O desafio, agora, é transformar debate em lei.


A escolha é agora.

O armazenamento de energia não é tecnologia do futuro — é uma necessidade do presente. Ele garante segurança ao sistema, viabiliza maior penetração de renováveis e reduz custos para o consumidor. A janela de oportunidade está aberta, mas não ficará assim para sempre. Estados Unidos, Europa e Ásia já avançam rapidamente nessa agenda. O Brasil pode ser líder ou apenas seguidor. A decisão é nossa. E o tempo de decidir é agora!

 
 
 
bottom of page