Recentemente, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) alertou para um problema crescente na região Norte do Brasil, onde a escassez de chuvas está afetando a capacidade de gerar energia suficiente para atender à demanda no horário de pico, entre 18h e 22h. Durante esse período crítico, a geração de energia solar, que atinge até 30 GW ao meio-dia, cai drasticamente, chegando a menos de 50 MW no final da tarde, justamente quando a demanda atinge seu pico.
Como resposta imediata, o ONS recomendou a antecipação da operação da UTE Termopernambuco, uma usina termoelétrica que foi recontratada no leilão de reserva de capacidade de 2021. Embora essa medida possa ajudar a evitar apagões, ela representa um alto custo para os consumidores brasileiros, que podem pagar até R$ 8,5 bilhões por ano pela operação dessas usinas, além dos custos ambientais associados ao uso de fontes de energia mais poluentes.
Ao mesmo tempo, o setor de energias renováveis enfrenta um cenário desafiador. Desde o apagão de agosto de 2023, tem havido um aumento significativo no desperdício de energia solar e eólica devido a restrições na rede elétrica, com perdas que variam de 20% a 40% do potencial de geração em algumas usinas. Esse cenário é particularmente frustrante, considerando que o Brasil possui uma capacidade significativa de gerar energia limpa e barata, mas se vê obrigado a recorrer a soluções mais caras e menos sustentáveis.
De acordo com Markus Vlasits, presidente da ABSAE, essa situação evidencia a necessidade urgente de incluir sistemas de armazenamento de energia nos próximos leilões de reserva de capacidade. As baterias, por exemplo, podem capturar a energia gerada durante o meio-dia e disponibilizá-la no horário de pico, evitando assim a necessidade de operar termoelétricas por longos períodos.
A inclusão de sistemas de armazenamento não só garantiria uma energia mais firme e confiável, mas também permitiria ao Brasil alinhar-se com as melhores práticas internacionais, como as já adotadas em países como Estados Unidos, China, Austrália, Chile, e Reino Unido. A ABSAE está comprometida em trabalhar junto ao Ministério de Minas e Energia (MME) e outras entidades do setor para viabilizar essa solução, assegurando um futuro energético mais sustentável e eficiente para o Brasil.
É triste vermos as medidas de restrição (curtailment) da geração solar e eólica no Brasil, é energia barata e renovável para os consumidores sendo jogada pelo ralo.