O Energyear Brasil 2025, realizado em São Paulo no início de fevereiro, reuniu especialistas para discutir o futuro do armazenamento de energia no país, com ênfase no avanço das baterias de lítio e seu impacto na estabilidade da rede elétrica. Durante o evento, profissionais do setor ressaltaram a importância da profissionalização para garantir a eficiência e a segurança do sistema elétrico nacional.
Além disso, foi debatido o potencial das baterias em aplicações inovadoras, especialmente no agronegócio e em comunidades isoladas, ampliando o acesso à energia e impulsionando o desenvolvimento sustentável. O encontro reforçou a expectativa de que a tecnologia vai desempenhar um papel central na modernização da infraestrutura elétrica no Brasil.
Na ocasião, o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Ricardo Tili, anunciou que a regulamentação dos sistemas de armazenamento de energia, como baterias e usinas reversíveis, está em fase final de elaboração e deve ser publicada até maio. A medida avança após o encerramento, em 30 de janeiro, da segunda fase da Consulta Pública nº 39/2023.
Atualmente, técnicos da agência analisam as contribuições recebidas para consolidar a nota técnica que servirá de base para a nova norma. O objetivo é impulsionar o setor elétrico e facilitar a expansão das energias renováveis no Brasil.
Entre os desafios destacados por Tili estão a conexão ao sistema de transmissão, a definição de tarifas e a criação de um modelo de remuneração atrativo para investidores. A regulamentação é considerada essencial para o avanço do armazenamento de energia no país.
“A ideia é garantir viabilidade econômica para que esses sistemas se tornem mais frequentes no Brasil”, afirmou Tili.
Absae aponta entraves em regras para baterias
Enquanto o setor demonstra otimismo com o avanço tecnológico e o potencial de aplicações no agronegócio e em comunidades isoladas, a Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (Absae) manifestou preocupação com alguns pontos das propostas da Aneel para o setor de armazenamento de energia.
A entidade pede mais clareza sobre os próximos passos da resolução antes de sua publicação, buscando entender o impacto das medidas propostas no desenvolvimento do setor de armazenamento de energia no país. Segundo Markus Vlasits, presidente da Absae, as resoluções apresentadas na minuta parecem caminhar na contramão do desenvolvimento do setor.
“As medidas sugeridas pela minuta de resolução da Aneel podem restringir o mercado e comprometer a eficiência da inserção do armazenamento de energia no Brasil. É importante compreender melhor os próximos passos da resolução antes de sua publicação”, enfatiza Vlasits.
Solução para a intermitência das renováveis
O evento também evidenciou o amadurecimento tecnológico das baterias, principalmente as de lítio, e sua relevância para o futuro da matriz energética brasileira. Profissionais do setor destacaram a importância de um sistema de armazenamento eficiente para mitigar os problemas de intermitência das fontes renováveis, como a solar e a eólica, garantindo um fornecimento de energia mais estável e confiável.
José Marangon, conselheiro da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), destacou durante o painel “Integração das renováveis com a rede elétrica” que o armazenamento é o elo crucial para o avanço das energias renováveis no Brasil.
"A expansão do uso de baterias é essencial para o armazenamento de energia, pois garante estabilidade e disponibilidade em redes elétricas. Elas permitem o uso eficiente de fontes renováveis, como solar e eólica, reduzindo desperdícios. Seu avanço tecnológico é crucial para a transição energética sustentável", finaliza Marangon.
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