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Está na hora do armazenamento de energia nas residências brasileiras

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    ABSAE
  • 6 de out.
  • 2 min de leitura

Artigo de Marcelo Rodrigues, vice-presidente de Negócios, Marketing e Inovação na UCB Power, e Daniel Lima, diretor BESS/GVD Energia da UCB Power



Menos de 1% das unidades com GD possuem sistemas de armazenamento.


O Brasil vive um momento decisivo em sua transição energética. Com mais de 3,8 milhões de unidades consumidoras com geração distribuída (GD) — sendo 3,1 milhões residenciais, segundo dados da ANEEL — o país demonstra o protagonismo do consumidor na busca por autonomia energética e economia.


Mas esse avanço, embora positivo, traz desafios urgentes para o sistema elétrico nacional.


Fonte: ANEEL
Fonte: ANEEL

O desafio da estabilidade

O crescimento acelerado da GD, especialmente solar, tem pressionado o grid em momentos de baixa demanda.

Sem mecanismos de flexibilidade, como o armazenamento de energia, o sistema precisa recorrer a cortes e desligamentos de usinas despachadas para manter o equilíbrio de frequência. Isso compromete a confiabilidade e a eficiência da operação.


Armazenamento: a peça que falta

Menos de 1% das unidades com GD possuem sistemas de armazenamento. Essa lacuna representa uma oportunidade estratégica desperdiçada. Integrar baterias aos sistemas já instalados pode:


  • Reduzir a injeção de energia em momentos de baixa demanda;

  • Aliviar pressões sobre as distribuidoras;

  • Aumentar a resiliência do sistema elétrico;

  • Gerar economia e autonomia para o consumidor;

  • Viabilizar novos modelos de negócio, como serviços ancilares.


Em vez de penalizar a geração distribuída com cortes, o Brasil deveria investir em armazenar o excedente e reintegrá-lo ao grid nos picos de consumo. A tecnologia existe, o modelo é viável. O que falta é vontade política e regulação adequada.


O que podemos aprender com a Austrália?

A Austrália é um exemplo claro de como políticas públicas bem desenhadas podem acelerar a adoção de baterias residenciais. O programa Cheaper Home Batteries, com orçamento de A$ 2,3 bilhões, oferece subsídios de até 30% no custo de instalação de baterias entre 5 kWh e 100 kWh.


Além disso, o Small-scale Renewable Energy Scheme (SRES) concede certificados que geram descontos diretos, e governos estaduais complementam com subsídios ou empréstimos sem juros.


O resultado, segundo o Clean Energy Council, é que a procura por baterias domésticas cresceu 50% na segunda metade de 2024, consolidando o armazenamento como elemento central da transição energética australiana.


Uma agenda pública estratégica

Incentivar o armazenamento distribuído não é apenas uma pauta técnica, é uma agenda pública de relevância nacional. O Brasil precisa construir políticas que alinhem incentivos econômicos, regulação clara e fomento à inovação tecnológica para gerar escala e acelerar os benefícios para consumidores, distribuidoras e para o sistema como um todo.


O consumidor brasileiro já provou que está disposto a investir em energia solar. Agora, é hora de dar o próximo passo: transformá-lo em protagonista de um sistema mais descentralizado, limpo e inteligente.


O Brasil, com seu vasto potencial solar e já consolidada geração distribuída, tem todas as condições de adaptar práticas semelhantes para dar um salto qualitativo em sua matriz elétrica. Falta apenas uma política energética que enxergue o armazenamento como solução, não como luxo.

 
 
 

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