“Precisamos desmistificar a percepção das Baterias: o caminho do Brasil para o armazenamento de energia”
- ABSAE
- 15 de abr.
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O Brasil encontra-se em um momento crucial para a definição do seu futuro energético. Diante da crescente demanda por fontes renováveis e da necessidade de um sistema elétrico mais resiliente e seguro, o armazenamento de energia emerge como um pilar fundamental para a transição energética. No entanto, para que essa tecnologia possa florescer em solo brasileiro, é imperativo superarmos barreiras regulatórias e desmistificamos percepções equivocadas.
A recente reunião da Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (ABSAE), em Brasília, cumpriu um papel essencial ao reunir líderes setoriais, investidores e representantes do Poder Legislativo para um debate estratégico sobre os desafios e oportunidades do setor. A discussão foi rica e focada na necessidade urgente de inclusão de sistemas de armazenamento de energia, como baterias, no Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP), além do desenvolvimento de um marco regulatório robusto e adequado.
Como diretor da área técnica da Huawei, participei ativamente dos debates e pude reforçar um ponto crucial: a necessidade de desmistificar a ideia de que as baterias são uma tecnologia experimental. Em países como China e Chile, o armazenamento de energia já é uma realidade consolidada, comprovando sua eficácia e viabilidade econômica.
É preciso entender que as baterias não são uma ameaça às fontes de energia tradicionais, mas sim um complemento essencial para a otimização do sistema elétrico. Elas atuam como um "colchão" energético, armazenando o excedente de energia gerada por fontes intermitentes, como a solar e a eólica, e liberando-a nos momentos de maior demanda ou quando a produção dessas fontes diminui. Isso garante a estabilidade da rede, reduz o risco de apagões e permite o aproveitamento máximo das energias renováveis.
A ausência de um marco regulatório claro e eficiente, por outro lado, representa um entrave significativo para o desenvolvimento do setor. A falta de regras claras e previsíveis dificulta a atração de investimentos, estimados em R$ 40 bilhões, e impede a implementação de projetos de armazenamento em larga escala.
É fundamental que o governo federal, em conjunto com o Congresso Nacional, priorize a criação de um marco regulatório que incentive a competição, a inovação e a diversificação das tecnologias de armazenamento. Esse marco deve estabelecer regras claras para a conexão de sistemas de armazenamento à rede elétrica, definir mecanismos de remuneração justos e transparentes, e garantir a segurança jurídica dos investidores.
Além disso, é crucial que a regulamentação promova um equilíbrio adequado entre as diferentes tecnologias de geração e de armazenamento de energia, visando sempre o menor custo para a sociedade. A escolha da tecnologia mais adequada para cada aplicação deve ser baseada em critérios técnicos e econômicos, considerando as particularidades de cada região e as necessidades do sistema elétrico.
O encontro da ABSAE demonstrou que o setor está unido e engajado em construir um futuro energético mais limpo, seguro e eficiente para o Brasil. Agora, cabe ao governo e ao Congresso Nacional darem os passos necessários para transformar essa visão em realidade. O momento é agora. Não podemos perder a oportunidade de colocar o Brasil na vanguarda da transição energética global.
Sobre o encontro
O artigo reflete a opinião pessoal do autor e não necessariamente a posição institucional da Huawei ou da ABSAE. As discussões e conclusões mencionadas foram resultado do Encontro da Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (ABSAE), realizado em Brasília, no dia 19 de fevereiro, com o objetivo de fomentar o debate sobre o futuro do armazenamento de energia no Brasil.
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